Página Inicial / Brasil / Brasil tem mau desempenho na luta contra o trabalho escravo

Brasil tem mau desempenho na luta contra o trabalho escravo

Painel Político – Notícias no Whatsapp sobre política, economia, artigos, jurídico, cultura e viagens.

Brasil se torna primeiro país condenado na OEA por trabalho escravo

O número de trabalhadores resgatados foi de 885 em 2016 para 341 em 2017.

O tema do trabalho escravo no Brasil foi permeado de incertezas em 2017. No mesmo semestre, duas portarias foram divulgadas sobre o assunto com abordagens diametralmente distintas. A portaria 1.129/17, publicada no DOU em outubro do ano passado, estabelecia novas regras para a caracterização de trabalho análogo ao escravo e para atualização do Cadastro de Empregadores.

As novidades reverberaram no cenário internacional e foram criticadas por órgãos como a OIT, colocando em xeque um trabalho de vinte anos de combate à escravidão. A organização divulgou uma nota avaliando a gravidade das mudanças propostas.

Os desdobramentos desta norma também não foram positivos no cenário político nacional. A PGR Raquel Dodge chamou atenção para as violações constitucionais e recomendou a revogação da portaria. A Rede Sustentabilidade ajuizou no STF a ADPF 489, assim como a Confederação Nacional das Profissões Liberais (ADPF 491) e o PDT (ADIn 5.802), contra os efeitos desta portaria. As ações foram distribuídas para a relatoria da ministra Rosa Weber, que logo em seguida, deferiu liminar para suspendê-la. Esta liminar ainda precisa ser julgada pelo plenário do STF.

Em virtude da repercussão negativa, dois meses depois o governo editou uma nova portaria. Mais extensa que anterior, a portaria 1.293/17 veio com alterações dos conceitos de trabalho forçado, jornada exaustiva, condição degradante e sobre as responsabilidades do auditor-fiscal do trabalho.

O que mudou?

As diferenças entre as portarias vão desde mudanças semânticas de tempos verbais até alterações sobre as responsabilidades dos órgãos envolvidos no combate ao trabalho escravo. Enquanto a primeira portaria concede o seguro-desemprego “ao trabalhador que vier a ser identificado como submetido a regime de trabalho forçado ou reduzido a condição análoga à de escravo”, a norma publicada posteriormente vai direto: “ao trabalhador que for encontrado em condição análoga à de escravo”.

Formas contemporâneas de escravidão

Embora na teoria o trabalho escravo, com todos seus estereótipos, tenha sido extinto em muitos países, a prática de colocar pessoas para trabalhar em situações degradantes ainda encontra terreno fértil nestes mesmos locais. O trabalho escravo se “modernizou” e foi para trás das coxias. Se na primeira metade do século XVI, com o início da produção de açúcar no Brasil, era comum ver negros e indígenas sendo açoitados pelos senhores de engenho; atualmente a violência fica nos quartos do fundo de grifes famosas ou em campos afastados e escondidos das cidades.

De acordo com a mestre Maíra Costa Etzel em sua defesa na UFRJ, “o atributo mais antigo da escravidão, que permanece até hoje, se refere ao tratamento do ser humano como coisa, à instrumentalização do outro”. Em contrapartida desse olhar, a convenção nº. 29, de 1930, da OIT, definiu trabalho forçado como “todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido espontaneamente.”

O trabalho análogo ao escravo ainda existe pois é lucrativo. Segundo dados da ONU, em paper com dados de 2016, “o trabalho escravo na economia privada gera, a cada ano, US$ 150 bilhões de lucros obtidos de forma ilegal”. As regiões com maior prevalência do trabalho escravo são a Ásia, África e a América Latina. Um dos esforços mundiais para se combater este tipo de regime é alterar a forma como o trabalho escravo é encarado atualmente. Este conceito não pode simplesmente ser equiparado a baixos salários ou a más condições de trabalho, mas inclui também uma situação de cerceamento da liberdade dos trabalhadores e do que lhes é sonegado.

Trabalho escravo no mundo da moda

O ramo da moda tem passado por um momento delicado nos últimos anos. A indústria têxtil, além de ser considerada a segunda maior poluidora do mundo, também tem empregado muitos trabalhadores em condições subumanas.

As grifes de luxo Animale e A.Brand foram flagradas utilizando trabalho escravo de imigrantes bolivianos, os quais ganhavam R$ 4,23 por peças que eram vendidas por até R$ 590,00.

Outras marcas famosas como Zara, M. Officer, Le Lis Blanc, Pernambucanas também já foram condenadas pela mesma razão. Além do pagamento ínfimo, as jornadas de trabalho são exaustivas dentro de ambientes insalubres.

No Brasil

Apesar do mau desempenho em 2017 no combate ao trabalho escravo, as leis e medidas brasileiras estão em consonância com as definições internacionais sobre o tema. Desde 1995, quando o Brasil reconheceu perante a comunidade internacional que ainda havia escravidão em seu território, uma série de medidas foram tomadas para enfrentar este problema humanitário.

Dentre essas medidas estiveram a criação dos chamados Grupos Móveis de Fiscalização; a implementação de um importante mecanismo de controle social, a chamada “Lista Suja”; a criação do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e a aprovação da chamada “PEC do Trabalho Escravo”, que prevê a expropriação de propriedades urbanas ou rurais nas quais tenha sido constatada a prática de trabalho escravo.

Outra mudança significativa que o país adotou foi a introdução de um conceito moderno de trabalho escravo, que envolve não só a restrição de liberdade e a servidão por dívidas, mas também outras violações da dignidade da pessoa humana. Nestes mais de 20 anos contra o trabalho escravo, o país avançou a passos largos em comparação com outros países.

Na visão da ONU, erradicar o trabalho escravo exige uma ação coordenada de todos os países para adotar medidas eficientes. No Brasil, por exemplo, a ONG Repórter Brasil criou o app Moda Livre, que cataloga e classifica as marcas de roupa que combatem o trabalho escravo. Segundo o app, 54 varejistas têm a pior avaliação, não demonstrando ter mecanismos de acompanhamento e já demonstrando histórico desfavorável em relação ao tema. O aplicativo está disponível na Apple Store.

Brasil tem mau desempenho na luta contra o trabalho escravo



___________________________________________
LINK DA NOTÍCIA:Brasil tem mau desempenho na luta contra o trabalho escravo
FONTE: PAINEL POLÍTICO

SEJA UM REPÓRTER CIDADÃO

SEJA UM REPÓRTER CIDADÃO

Vários vídeos, matérias e denúncias são enviados diariamente a nossa redação pelos leitores do GAZETA DE RONDÔNIA.

Se a imprensa de seu município ou Estado não noticia reportagens sobre corrupção, envolvimento de pessoas ou autoridades em crimes, abusos ou de qualquer outra natureza que seja de interesse público?

Mande sua pauta que nós publicamos!

Pode ser pelo e-mail: contato@gazetaderondonialcom.br ou pelo WhatsApp da Redação: (66) 9.8412 – 5210.

Envie fatos com imagens, comprovação, documentos, processos, que a gente apura e publica.

Deixe seu comentário abaixo e compartilhe, via Facebook e WhatsApp

Publicado por » Danny Bueno

Especializado em Jornalismo Político e Investigativo. Está radicado nos Estados de Mato Grosso e Rondônia, construiu a carreira trabalhando para sites, jornais e emissoras de TV de Mato Grosso e Rondônia. É assessor de imprensa, é roteirista, produtor de eventos, compositor, editor de conteúdo, relações públicas, analista político e de marketing social. É filiado à ABRAJI - Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. (http://portaldosjornalistas.com.br/jornalista/danny-bueno)

Que tal ler esta?

Greve de caminhoneiros faz governo estender vacina contra gripe

Sem transporte ou com pouco combustível, muitas pessoas não conseguiram chegar até os postos de …

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *