A disputa mobiliza integrantes de lojas maçônicas em todo o país
Após meses de campanha eleitoral, os maçons do Grande Oriente do Brasil (GOB), principal ramo dessa sociedade secreta, não foram às urnas. A escolha do líder do GOB estava prevista para o último dia 10 de março, mas foi suspensa por tempo indeterminado após denúncias de irregularidades nos registros das chapas.
Sem definição sobre a nova data para a eleição, o antigo líder continua no posto. O servidor público aposentado do Banco Central Marcos José da Silva é o grão-mestre há 10 anos. Reeleito em 2013, ele está fora da disputa. O sucessor, Eurípedes Barbosa Nunes, que ocupava o cargo de adjunto, morreu antes de ver seu nome nas urnas, no dia 3 de abril deste ano. Ele foi substituído pelo coordenador da campanha, Múcio Bonifácio, na chapa “GOB para os maçons”.
A oposição acusa a atual gestão de tentar manter o poder isolando os líderes que incomodam. Ao todo, oito grãos-mestres regionais foram afastados ou expulsos. Defensores da atual gestão, no entanto, alegam que foram trâmites administrativos e que a atuação do órgão é republicana. A troca de denúncias entre os dois grupos levou à impugnação das duas chapas pelo Supremo Tribunal Federal Maçônico, o que provocou a suspensão das eleições.
No último dia 10 de abril, houve um sinal de que o imbróglio pode chegar ao fim em breve. O Supremo Tribunal Federal Maçônico abriu novo prazo para apresentação dos documentos das chapas. Os candidatos terão 10 dias.
O candidato da chapa “Novo Rumo” é Benedito Marques Ballouk Filho. Derrotado nas últimas eleições, ele tenta conquistar o cargo novamente com o slogan: “Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”.
A estrutura interna de poderes da organização é semelhante à do Estado brasileiro, com deputados, governadores e juízes. O cargo máximo é o de grão-mestre, equivalente ao de presidente da República.
A disputa mobiliza integrantes de lojas maçônicas em todo o país. A movimentação dessa corrida eleitoral é tão grande que extrapola o manto de silêncio que cobre a ordem desde sua fundação, em 1822. As duas chapas concorrentes possuem páginas em redes sociais nas quais anunciam projetos e ações.
A expectativa é de que 40 mil membros participem da escolha do novo líder em 3 mil lojas maçônicas em todo o país – isso porque apenas os maçons com o título de mestre e que estejam financeiramente adimplentes podem votar.
Não há números atualizados de quantas pessoas participam da sociedade secreta. Mas o grupo conta com nomes de peso na política brasiliense e nacional, como o presidente Michel Temer (MDB), o ex-senador Gim Argello (ex-PTB), o ex-governador José Roberto Arruda (PR) e o deputado federal Izalci Lucas (PSDB). Os três primeiros estão afastados da maçonaria.
A reportagem é de Lilian Tahan e Gabriela Furquim, do Metropoles
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FONTE: PAINEL POLÍTICO
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